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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O Que É O Caos?


- Cara ou coroa? – ele pergunta enquanto prepara-se para  atirar a moeda para cima.
- Coroa. – o outro responde enquanto observa  o movimento da moeda subindo e descendo. Imaginando que aquele evento é totalmente aleatório.

O lançamento da moeda é realmente um evento aleatório? Conhecendo as leis da Mecânica Clássica e as condições do meio em que estamos realizando a experiência, não poderíamos predizer o resultado?

A resposta para esse enigma está extremamente relacionada ao conceito do caos segundo a Mecânica Clássica. Como para essa teoria tudo é um problema de condição inicial, podemos predizer o comportamento do sistema no futuro sabendo apenas as condições iniciais, por esse motivo o caos nada mais é do que o excesso de ordem. Pode parecer estranho a primeira vista, mas são os vários vínculos do sistema que nos impede de dizer como ele vai se comportar no futuro. Não existe caos real na Mecânica Clássica. Um exemplo simples é o próprio lançamento da moeda. O resultado (cara ou coroa) depende de muitos fatores: em que região da moeda foi aplicada a força para que ela subisse? Qual região do dedo o lançador jogou a moeda? Qual a força utilizada? Qual era a resistência do ar naquela região durante o intervalo do tempo que a moeda estava no ar? Todas essas perguntas contribuem para o resultado e ainda existem outros fatores não citados aqui. O fato de não conseguirmos considerar e calcular a contribuição de todos esses fatores faz com que não sejamos capazes de predizer o resultado. Por isso, dizemos que o evento é aleatório. Sendo assim a humanidade considera caótico o que não consegue entender, e não o que não possui ordem.

Somos tentados a crer que o caos como excesso de ordem é ago razoável em um lançamento de dados ou de moedas. Porem é uma ideia perigosa de se aplicar a risca. Se todos os átomos do nosso corpo tem  certa condição inicial, então seriamos capaz de predizer seu comportamento daqui a 10 minutos e então sabermos o nosso futuro? Para a Mecânica Clássica a resposta seria: Sim, mas como saber a condição de cada um envolve milhões e milhões de fatores jamais poderíamos saber tal informação. Porém, não saber o que acontece com o nosso futuro não mudaria o fato que ele já estaria traçado. Não existe livre arbítrio na Mecânica Clássica!

Sabemos que embora a Mecânica Clássica muito nos ajude na nossa tarefa de descrever a natureza, não esta totalmente de acordo com as observações acerca do universo. Uma interpretação Quântica pode falar do caos como algo pertencente ao universo. Não conseguiríamos saber o comportamento futuro de cada átomo do nosso corpo, pois esses comportamentos seriam verdadeiramente aleatórios. Falo isso não no sentido de depender de muitos fatores e sim uma aleatoriedade real. Mesmo que soubéssemos todas as condições possíveis jamais poderíamos dizer o comportamento de um único átomo no futuro.

A  ideia de aleatoriedade real retoma a ideia de livre arbítrio ao mesmo tempo que pode dar margem a um determinismo. Quando temos que tomar uma decisão entre algumas possibilidades, acabamos colapsando para uma das possíveis decisões. O mesmo aconteceria com o átomo, o próprio universo colapsaria sua função de onda, fazendo com que ele “tomasse” uma decisão. No exemplo dos nossos átomos isso poderia ser a nossa consciência, a nossa vontade. Porém, existem alguns físicos que acreditam  na ideia de que o próprio colapso já está incluído na equação de movimento de cada átomo. Sendo assim, já estava destinado que eu escrevesse esse post hoje. Nesse caso, novamente o caos passa a ser o excesso de possibilidades.

Mesmo na Mecânica Quântica a figura do destino aparece de forma considerável. O caos e o livre arbítrio são duas pontas de uma ferradura. Muito separados por um ponto de vista e muito juntos de outro ponto de vista. Com tudo isso: o que é o caos?

EU NÃO SEI.

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