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domingo, 27 de janeiro de 2013

FIVE QUESTIONS FOR JADSON


Olá, leitor. Meu nome é Renato Dantas, bacharel em Geofísica pela Universidade Federal do Rio Grande do norte (UFRN). Fui convidado pelo autor deste blog a iniciar esse post (que farei de forma mais livre e esdrúxula) e para realizar uma brevíssima entrevista, consistindo em cinco perguntas acerca de temas de física em aberto, sem uma solução fechada. Há, de fato, diversos problemas físicos em aberto intrínsecos à curiosidade do ser humano. Alguns dos temas são especialmente polêmicos, e respostas muito interessantes foram dadas. Recomendo abrir ligeiramente sua mente e navegar um pouco pelas incertezas da física (aqui, sem nenhuma referência direta a Princípios da Incerteza...).
O entrevistado, Jadson Tadeu, é bacharel em Física pela UFRN e membro do Grupo de Magnetismo e Materiais Magnéticos (GMMM). Abaixo, a notação usada foi "J" para representar Jadson e "R" para representar Renato. Boa leitura e até mais.
        
1.     R: Deus existe?

J: Bem, é importante lembrar que a física não tem nenhum potencial para responder essa pergunta. Contudo, posso usar a mesma para fazer algumas considerações a cerca do universo e fazer com que cada um tire suas próprias conclusões. A física é apenas um modelo da realidade, sendo assim não é, de fato, a realidade. Em minha opinião a física jamais chegará a ser a realidade por mais que se aproxima da mesma. Então, jamais terá o papel de explicar o universo, somente pode descrevê-lo. As regras da natureza e a própria natureza podem ter sido criadas ou simplesmente sempre existiram e é a nossa mente que por limitação tenha essa necessidade de criação e de fim. Talvez a idéia seja somente a infinita transitoriedade, ou talvez o universo tenha tido um criador, um ser supremo.  Algumas pessoas preferem adotar a idéia da infinita transitoriedade do universo para evitar a pergunta: “Quem criou o criador?”. Para mim ambas as escolas de pensamento necessitam de fé e racionalidade. Algumas pessoas têm mais fé que racionalidade, outras possuem mais racionalidade. Tudo que posso dizer é que  física está muito distante de responder essa pergunta.

2.   R: Quais as chances de haver vida inteligente fora da Terra?

J: Acho que muitas chances. Imaginando a infinidade do universo acho difícil que estejamos sozinhos. Algumas pessoas falam que para haver vida fora da terra teria que existir outro planeta com condições idênticas ao nosso, porém não contam com a idéia de que outras formas de vida possam sobreviver sobre outras condições de temperatura, pressão, umidade. Possam, até mesmo, nem precisar de oxigênio para sobreviver. Por exemplo, pode haver uma espécie extraterrestre que consiga observar a dimensão do tempo separada das espaciais. Tal criatura teria uma visão muito mais realista do universo relativístico do que nós. Essa é uma pergunta na qual a física pode responder apenas apontando o quanto do universo se conhece. Até agora nós não encontramos outros seres vivos.

3.     R: Existem mundos paralelos?

J: Não sei. Se você acredita em um universo infinito deve existir! Uma hora a combinação de átomos que formam nosso universo deve se repetir e formar um universo paralelo idêntico ao nosso. Outros teóricos acreditam que cada momento que o universo é obrigado a tomar uma decisão onde há varias possibilidades todas elas acontecem em universos paralelos diferentes. Embora tal idéia não possua nenhuma evidencia experimental não tem nenhum impedimento teórico de ocorrer. Até mesmo a relatividade geral de Einstein deixa a possibilidade que um buraco de minhoca conecte um universo paralelo a outro. Confesso que a idéia de universo paralelo me é muito anti-intuitiva, mas a verdade é que a nossa intuição já nos traiu muitas vezes. A idéia de universos paralelos já deixou de ser metafísica e passou a ser estudada em grandes centros de física no mundo todo. A teoria de cordas que é o principal suporte da teoria de multiversos está ficando cada vez mais movimentada na física atual. Talvez daqui a alguns anos estejamos aceitando os multiversos como aceitamos o emaranhamento hoje.

4.     R: A energia escura realmente existe?

J: Bem, a quantidade de energia teórica é bem menor do que as observadas, então, se quiserem salvar nosso modelo devemos supor que exista um tipo de energia que nós, ainda, não conseguimos detectar, mas que exista (teríamos outro problema, que seria explicar a origem dessa energia, possuem várias teorias por ai sobre isso, mas nenhuma totalmente satisfatória) . Parece muito conveniente, não? Existe a possibilidade do nosso modelo está errado. Resumindo deve-se escolher uma das duas e tentar descrever o universo de forma que a observação bata com a teoria. Como não sou da área nunca refleti sobre o assunto, embora reconheça a grande importância. As vezes, pergunto pra mim mesmo: “Já pensou se alguém consegue descrever o universo correto com energia escura e sem energia escura?” Ai seria bem claro que a física nada mais é que um modelo. Eu acredito que isso seja capaz de acontecer. Acho que o ser humano está muito longe de entender a fundo a natureza. Talvez a nossa concepção de “verdade” como algo único possa está errada, mas isso já é um assunto filosófico demais para um simples físico como eu.

5.     R: Qual a conexão entre as forças fundamentais da natureza?

J: Temos aqui O Santo Graal da física contemporânea. Várias pessoas já tentaram unificar essas forças e para isso, antes de tudo, teríamos que enxergar uma relação entre elas. Entre a força fraca e a força forte já se consegue “mais ou menos” enxergar essa relação, mas entre a gravidade e a eletromagnética é algo incrivelmente misterioso e escuro as nossas mentes. Eu, por uma opinião pessoal acredito que essa relação é o grande mistério da natureza. É o ponto de coletividade e unicidade da natureza, mas não faço a mínima idéia de que ponto seja esse. A elegância de uma teoria do tudo seria algo incrível e é o desejo da grande maioria dos físicos, mas também devemos nos preparar para a idéia de que essa teoria não seja possível. Talvez não ocorra relação entre todas as forças fundamentais. Seria algo muito triste e frio para nós físicos, mas ainda assim, é uma possibilidade.



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