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Cara ou coroa? – ele pergunta enquanto prepara-se para atirar a moeda para cima.
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Coroa. – o outro responde enquanto observa
o movimento da moeda subindo e descendo. Imaginando que aquele evento é
totalmente aleatório.
O lançamento da moeda é realmente um evento
aleatório? Conhecendo as leis da Mecânica Clássica e as condições do meio em
que estamos realizando a experiência, não poderíamos predizer o resultado?
A resposta para esse enigma está extremamente relacionada
ao conceito do caos segundo a Mecânica Clássica. Como para essa teoria tudo é
um problema de condição inicial, podemos predizer o comportamento do sistema no
futuro sabendo apenas as condições iniciais, por esse motivo o caos nada mais é
do que o excesso de ordem. Pode parecer estranho a primeira vista, mas são os
vários vínculos do sistema que nos impede de dizer como ele vai se comportar no
futuro. Não existe caos real na Mecânica Clássica. Um exemplo simples é o próprio
lançamento da moeda. O resultado (cara ou coroa) depende de muitos fatores: em
que região da moeda foi aplicada a força para que ela subisse? Qual região do
dedo o lançador jogou a moeda? Qual a força utilizada? Qual era a resistência do
ar naquela região durante o intervalo do tempo que a moeda estava no ar? Todas
essas perguntas contribuem para o resultado e ainda existem outros fatores não citados
aqui. O fato de não conseguirmos considerar e calcular a contribuição de todos
esses fatores faz com que não sejamos capazes de predizer o resultado. Por
isso, dizemos que o evento é aleatório. Sendo assim a humanidade considera
caótico o que não consegue entender, e não o que não possui ordem.
Somos tentados a crer que o caos como excesso de
ordem é ago razoável em um lançamento de dados ou de moedas. Porem é uma ideia perigosa
de se aplicar a risca. Se todos os átomos do nosso corpo tem certa condição inicial, então seriamos capaz
de predizer seu comportamento daqui a 10 minutos e então sabermos o nosso
futuro? Para a Mecânica Clássica a resposta seria: Sim, mas como saber a condição
de cada um envolve milhões e milhões de fatores jamais poderíamos saber tal informação.
Porém, não saber o que acontece com o nosso futuro não mudaria o fato que ele já
estaria traçado. Não existe livre arbítrio na Mecânica Clássica!
Sabemos que embora a Mecânica Clássica muito nos ajude
na nossa tarefa de descrever a natureza, não esta totalmente de acordo com as observações
acerca do universo. Uma interpretação Quântica pode falar do caos como algo
pertencente ao universo. Não conseguiríamos saber o comportamento futuro de
cada átomo do nosso corpo, pois esses comportamentos seriam verdadeiramente
aleatórios. Falo isso não no sentido de depender de muitos fatores e sim uma
aleatoriedade real. Mesmo que soubéssemos todas as condições possíveis jamais poderíamos
dizer o comportamento de um único átomo no futuro.
A ideia de
aleatoriedade real retoma a ideia de livre arbítrio ao mesmo tempo que pode dar
margem a um determinismo. Quando temos que tomar uma decisão entre algumas
possibilidades, acabamos colapsando para uma das possíveis decisões. O mesmo
aconteceria com o átomo, o próprio universo colapsaria sua função de onda, fazendo
com que ele “tomasse” uma decisão. No exemplo dos nossos átomos isso poderia
ser a nossa consciência, a nossa vontade. Porém, existem alguns físicos que acreditam na ideia de que o próprio colapso já está incluído
na equação de movimento de cada átomo. Sendo assim, já estava destinado que eu
escrevesse esse post hoje. Nesse
caso, novamente o caos passa a ser o excesso de possibilidades.
Mesmo na Mecânica Quântica a figura do destino
aparece de forma considerável. O caos e o livre arbítrio são duas pontas de uma
ferradura. Muito separados por um ponto de vista e muito juntos de outro ponto
de vista. Com tudo isso: o que é o caos?
EU
NÃO SEI.
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